Crise síria leva russos e 
pedir cuidado nas análises

De acordo com o jornal “The New York Times” do último domingo (27), o presidente norte-americano Barack Obama tentará mais uma vez persuadir o chefe de Estado russo Vladímir Pútin a negar qualquer apoio ao regime sírio. 
  
A ideia é que Assad renuncie logo após as negociações políticas. “O assunto foi abordado por Obama com o premiê russo, Dmítri Medvedev, durante a recente reunião do G8”, publicou o jornal americano. 

 A situação foi inclusive ilustrada com o caso do ex-presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, que recebeu imunidade total como condição de sua renúncia.

 O governo russo, contudo, disposto a vetar quaisquer resoluções favoráveis à mudança de regime sírio no Conselho de Segurança, não reagiu diretamente a essa notícia e o próprio Kremlin deu sinais de que não tem a menor intenção de rever sua posição. 
  
Às vésperas do encontro oficial do Conselho de Segurança da ONU, o grupo realizou uma reunião extraordinária sobre a situação na Síria. Durante três horas, os membros do grupo discutiram o massacre de dezenas de civis na aldeia síria de Houla, “condenando veementemente o ataque a dezenas de homens, mulheres e crianças”. 
  
Embora o conselho tenha responsabilizado o governo sírio pelo massacre, as forças governamentais não foram exclusivamente condenadas pelo ocorrido. “Não podemos atribuir toda a responsabilidade pela tragédia ao governo do país porque as tropas do governo sírio nem sequer entraram naquele povoado”, declarou o embaixador da Rússia na ONU, Aleksandr Pânkin.
  
Segundo o diplomata russo, a morte de dezenas de civis foi causada pelo emprego de artilharia pesada e blindados, mas muitos corpos também apresentavam marcas de agressão física e tiros à queima-roupa.


“Não estamos defendendo [Bashar] Assad, mas o plano de paz do enviado especial das Nações Unidas, Kofi Annan”, defendeu-se o chanceler russo, Serguêi Lavrov, na última segunda-feira (28).
  
Para evitar a repetição dos acontecimentos em Houla, o ministro russo acredita que os atores externos devem tomar uma decisão entre perseguir seus objetivos geopolíticos e salvar vidas na Síria.
   
Lavrov evocou ainda os acontecimentos ocorridos há 13 anos em Racek, na ex-Iugoslávia. “O chefe da missão da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) chegou ao local e, sem autoridade alguma, sugeriu a ocorrência de um genocídio.” 
  
Sua declaração serviu de incentivo para o início do bombardeio da Sérvia sem qualquer  autorização do Conselho de Segurança e em desacordo com todos os documentos da OSCE e da Carta da ONU.
  
No entanto, para saber o que realmente acontecera em Racek, a União Europeia enviou um grupo de especialistas finlandeses. “O relatório elaborado pelos médicos finlandeses desmentiu a versão anterior, invalidando o ataque”, conta Lavrov. (Com a Gazeta Russa)

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