Para nenhum nacionalista botar defeito...

                                  José Carlos Alexandre

        Sou do tempo em que se pensava duas, três vezes, antes de se ingerir uma Coca Cola ou uma Pepsi. Havia mesmo lugares que não aceitavam vender esse tipo de bebida "made in USA" ou de origem norte-americana.

        Eu próprio, mesmo em visita aos EUA, evitava Coca ou Pepsi, contentando-me com sucos de laranja, nem sempre importados do Brasil, mas oriundos da Califórnia...

        Quanto aos drinques minha predileção sempre foi por um bom Cuba Livre ou uma boa vodka embora  depois tenha-me apaixonado pela nossa inimitável aguardente ou mesmo por um bom bourbom, como o Jack Daniels..
        Hoje, mais maduro, volto-me para a Cola Zero... São coisas da vida.

        Mas nos anos 60 contentava-me com os chopes no Malleta todas as manhãs de sábado quando ali comparecia para entregar minha coluna "Café Pequeno", ao jornal "O Debate", qua funcionava na sacada do edifício, a um lance de escadas...
       Na ocasião mantinha colunas tmbém nos jornais "Estado de Minas", aos domingos, no então "Diário da Tarde", diariamente, e no "Minas Gerais" ( órgão oficial do Estado).

       À exceção do DT, onde escrevi colunas e editoriais até 2007, nos demais jornais recebia um pro-labore , 
        Também tive experiência de trabalhos em rádio ( na antiga Mineira, como noticiarista, e na Guarani, como editorialista) embora não por mais de dois anos.
        Foi antes de criar meu próprio jornal, "União Sindical", junto com José do Carmo Rocha e João de Paulo Pires, meus queridos companheiros de profissão, já falecidos.

         Mas volto ao Malleta para lembrar-me do período em que eu e muitos de minhas relações, como o Gilberto Faria, que está aí no Facebook e não me deixa mentir, evitávamos a Coca Cola...
         
         Este nariz-de-cera todo é para responder  uma leitora-espectadora que acessou o YouTube  e deparou com meu vídeo dos 90 anos do PCB.

        Notou ela em que determinado trecho aparem bebidas como Fanta, Coca Cola etc. e indaga como  pode um vídeo do PCB exibir tais bebibas...

        Vamos ao contexto. Estávamos todos num plenário completamente lotado na Câmara Municipal de Sabará.

     E o calor era insuportável, a ponto de um funcionário do Legislativo, a]volta e meia servir água para todos, nçao apenas os da mesa diretora dos trabalhos.

         Já  quase no finalzinho da solenidade, a Câmara, muito gentil, ofereceu um coquetel a todos...Com Coca Cola e tudo o mais...

         Claro que ninguém se fez nacionalista o bastante para recusar um pouco de refrigerante. Ademais estávamos londe dos anos 60...

          O que não aparece no vídeo é que a celebração do grande feito do Legislativo sabarense em comemorar os 90 anos do PCB se deu em outro palco.

          Foi na residência de um velho comunista, Joaquim Goulart, secretário político do Comitê Central do PCB em Sabará.

          E  a bebida não poderia ser mais nacionalista: nossa inimitável pinguinha, acompanhada de caprichoso caldo de feijão  e uma magistral canjica...

          Para nacionalista, internacionalista, comunista nenhum botar defeito...

          Em Tempo: nos anos 60, pelo menos até 31 de março de 1964, trabalhava e com muita dedicação, na Sucursal do jornal "Novos Rumos", na rua Carijós, 121, onde fazia reportagens sindical e/ou camponesas e mantinha coluna assinada com os pseudônimos de Carlos Basílio e de João Pedro Teixeira, este último em homenagem ao "Cabra marcado para morrer", objeto de um filme de Eduardo Coutinho.

           O jornal foi empastelado e diretores perseguidos, alguns mortos e "desaparecidos".
      
             Neste ponto, sou sobrevivente, milagrosamente sobrevivente e continuo fazendo a mesma coisa: militando no mesmo partido e trabalhando e  seus órgãos  de  divulgação....
               




       
       

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