Presidente da China diz que os BRICS são contra todo tipo de protecionismo


Uma ponte sobre três oceanos

Desde quarta-feira, Nova Delhi sedia, durante dois dias, a 4° cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul). Às vésperas do evento, o presidente da China, Hu Jintao, falou à Rossiykaia Gazeta e alguns dos maiores veículos de imprensa mundiais.

- Como a China considera a crescente influência das economias emergentes no cenário mundial?

Hoje em dia um grupo de países emergentes com suas  economias em rápido crescimento se torna uma força importante para a defesa da paz e o desenvolvimento internacional. Cooperando entre si, esses países seguem o caminho do desenvolvimento pacífico e harmonioso.

Eles são parte importante da evolução global, e contribuem para um desenvolvimento mais equilibrado da economia mundial e para que as relações internacionais sejam mais racionais, para que a regulação global seja mais eficaz e a paz internacional seja mais firme.

Após a crise financeira internacional de 2008 são justamente esses países que estimulam, por meio de seu próprio desenvolvimento, a recuperação da  economia mundial. No processo de governança econômica global, sua representação aumenta e seu direito de escolha de uma ordem internacional mais justa e racional se consolida.

Todos esses fatores são outra prova de que sem o desenvolvimento dos países emergentes é impossível alcançar a prosperidade universal e que sem a paz nesses países não haverá paz nem estabilidade no resto do mundo.

Assim, o desenvolvimento desses países tem um impacto construtivo sobre a arquitetura global. A comunidade internacional deve atribuir importância estratégica e apoiar o desenvolvimento deles em longo prazo.

Como a China avalia a dinâmica da cooperação entre os países do Brics, suas eventuais vertentes para o futuro e o papel dos cinco países na regulação global? Na opinião da China, os países do Brics devem aumentar a cooperação para defender os interesses dos países emergentes?

Os países do Brics defendem os interesses dos países emergentes. Em sua colaboração, eles promovem a cooperação Sul-Sul e o diálogo Sul-Norte, e contribuem para a implementação dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” da ONU, do mandado da Rodada de Desenvolvimento de Doha  e do aumento da presença de países emergentes na regulação econômica global.

No entanto, os Brics são contra o protecionismo em todas as suas formas. Em nossa opinião, a cooperação entre os países do Brics atende à demanda objetiva da globalização econômica e democratização das relações internacionais e a causas atuais - paz, desenvolvimento e cooperação -, contribuindo para a construção de um mundo mais harmonioso caraterizado por uma paz duradoura e prosperidade universal.

As cidades de Ekaterimburgo, Brasília, Sanya e Nova Delhi são testemunhas do aprimoramento contínuo do Brics em institucionalização e da criação de uma estrutura de cooperação multidisciplinar em diferentes  níveis. No plano político, a confiança recíproca entre os elementos do grupo aumenta, e a cooperação efetiva entre eles em economia, finanças, comércio e outras vertentes está crescendo.

Registramos os esforços dos países do grupo para reparar e coordenar melhor suas posições em assuntos internacionais de importância crucial e o aumento de seu construtivo papel na regulação global. Podemos dizer que a cooperação entre os países do Brics está assentada sobre uma base sólida e caraterizada por um grande potencial e amplas perspectivas.

A cooperação com os mercados emergentes e países em desenvolvimento, incluindo os países do Brics, tem sido sempre uma prioridade da política externa da China. Temos apoiado e participado com empenho na cooperação dentro do Brics e estamos dispostos a realizar um trabalho conjunto para ampliar os interesses comuns e elevar o nível de cooperação em benefício da nobre causa da paz e do desenvolvimento de toda a humanidade.


Como a China considera a cooperação prática entre os cinco países? Quais resultados importantes já foram alcançados desde que foi criado o Brics? Quais novas iniciativas para o fortalecimento institucional e desenvolvimento da cooperação prática entre os países do Brics podemos esperar em um futuro próximo?

A cooperação prática é uma sólida base para a interação dos países do Brics. Nos últimos anos, essa cooperação, iniciada quase do zero, vem crescendo e assumindo novas formas, servindo aos interesses comuns dos cinco países e assentando-se em uma boa base econômica e social.

No ano passado, os países do Brics, empenhados em colocar em prática o plano de ação sa Declaração de Sanya, intensificaram sua cooperação em áreas como finanças, comércio, indústria, saúde, agricultura, estatística, ciência e tecnologia, artes. O trabalho conjunto trouxe benefícios concretos para os povos dos cinco países e consolidou a dinâmica de cooperação.

No que diz respeito ao desenvolvimento da cooperação entre os países do Brics para a próxima etapa, a China considera necessário priorizar as seguintes metas: em primeiro lugar, é preciso fixar as bases já existentes. Atendendo ao espírito do pragmatismo e do rendimento, é necessário tornar mais completa a cooperação entre os cinco países e elevar sua qualidade com o desenvolvimento de projetos-modelo.


Em segundo lugar, devemos trabalhar com o espírito empreendedor e iniciativa. Para atender às necessidades do desenvolvimento socioeconômico dos países do Brics, devemos buscar novas formas de cooperação e revelar seu potencial, dando nova força e energia ao grupo Brics.

Se nossos países continuarem seguindo o princípio da transparência, solidariedade e ajuda mútua e trabalhando juntos, não duvido que a cooperação multidisciplinar no âmbito do Brcis atingirá novos horizontes em benefício de nossos povos. (Com a Gazeta Russa)

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