Pesquisa aponta 4,6 assaltos a banco por dia em 2011

                                                       

A 2ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), aponta 1.591 ocorrências em 2011, uma média de 4,36 por dia. Desses casos, 632 foram assaltos (inclusive com sequestro de bancários e vigilantes), consumados ou não, e 959 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos (incluindo o uso de dinamites e maçaricos). 


A pesquisa foi lançada na manhã desta quarta-feira-feira (21), dia nacional de luta por mais segurança nos bancos, durante audiência pública sobre explosão de caixas eletrônicos na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba. Bancários e vigilantes realizam manifestações em todo país, cobrando mais segurança para trabalhadores e clientes.



São Paulo é o estado que lidera o ranking, com 538 ataques. Em segundo lugar aparece o Rio Grande do Sul, com 130, em terceiro a Bahia, com 112, em quarto a Paraná, com 98, e em quinto o Mato Grosso, com 91. 



O primeiro semestre de 2011 apresentou maior número de casos, quando ocorreram 838 ataques, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos. No segundo foram verificados 753 ataques, dos quais 331 assaltos e 422 arrombamentos. Em comparação com o primeiro semestre houve uma redução de 10,1% no total de ataques.



Os números foram apurados com base em notícias publicadas pela imprensa, consulta aos dados disponibilizados por algumas secretarias estaduais de segurança pública e informações de sindicatos e federações de bancários e vigilantes de todo país. O levantamento contou com apoio técnico do Dieese.



O levantamento foi coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR) e do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. O número de casos pode ser ainda maior devido à dificuldade de encontrar informações em alguns estados e pelo fato de nem todas as ocorrências serem divulgadas pela imprensa.



"A realização dessa pesquisa nacional é fruto de um grande esforço conjunto das entidades sindicais dos vigilantes e bancários, com o objetivo de apresentar uma radiografia da violência no sistema financeiro e contribuir para o debate com os bancos, as empresas de segurança e a sociedade, bem como para a construção do projeto de lei de estatuto de segurança privada, no âmbito do Ministério da Justiça, a fim de atualizar com avanços a lei federal nº 7.102/83", afirma o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.



"Trata-se de mais um retrato assustador da insegurança nos bancos, que deve servir de instrumento de análise e debate sobre medidas preventivas que precisam ser adotadas para a proteção da vida de trabalhadores e clientes, visando a redução imediata das ocorrências", aponta o diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.



Números superam estatística nacional da Febraban



Os números da pesquisa superam a estatística nacional da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é restrita a assaltos, consumados ou não. Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 632 assaltos em 2011, a Febraban apurou 422 em 2011, uma diferença de 210 casos.



ESTATÍSTICA DE ASSALTOS A BANCOS DA FEBRABAN (2000 - 2011)



"Lamentamos que a Febraban não faça estatística dos arrombamentos, pois esses também ocorrem em razão das instalações vulneráveis dos estabelecimentos e, mesmo sem a presença de bancários e vigilantes, geram insegurança e várias vezes provocam tiroteios e até mortes de policiais e transeuntes", destaca Boaventura. 



Mas o que a estatística da Febraban comprova é a importância das portas giratórias, instaladas no final dos anos 90 após muitas lutas dos trabalhadores e aprovação de leis municipais. A experiência revela que as portas giratórias têm sido eficientes na redução dos assaltos. Em 2000 houve 1.903 ocorrências. Em 2010, o número baixou para 369, uma queda de 80,16%. Já em 2011, quando alguns bancos retiraram portas giratórias, foram apurados 422 assaltos, um crescimento de 14,36%.



"É importante garantir a instalação de portas giratórias, por meio da aprovação de leis municipais e estaduais", salienta o diretor da Contraf-CUT. "Também queremos que esse equipamento seja item obrigatório no projeto de lei de estatuto de segurança privada, que está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça para atualizar a lei federal nº 7.102/83", ressalta Ademir. 



Pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos



Esse levantamento é mais um diagnóstico da violência, a exemplo da pesquisa nacional da Contraf-CUT e CNTV sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, que apurou em 2011 a ocorrência de 49 assassinatos, média de mais de quatro vítimas fatais por mês, sendo 32 em crimes de "saidinha de banco". 



São Paulo (16), Rio de Janeiro (9), Goiás (4), Paraná (4) e Rio Grande do Sul (4) foram os estados com o maior número de casos. Os números foram contabilizados a partir de notícias da imprensa. (Com a Contraf_



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