Papo do Dia

DIPLOMACIA E DIREITO INTERNACIONAL: IRÃ E SÍRIA

 Anna Malm*

De Estocolmo para Irã News e Pátria Latina


Quem está tentando minar o Irã e a Síria?


Os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, assim como Israel e a Turquia estão usando questões domésticas internas da Síria para minar e finalmente poder destruir a estrutura do país. Financiando o trabalho estratégico de destruição pretendido para a Síria temos membros chaves das monarquias do Golfo Pérsico. [1]

As monarquias do Golfo Pérsico incluem a Arábia Saudita, Qatar, os Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrain e Omam. Esses são na sua maioria reinos hereditários, constituídos por monarquias, emirados ou teocracias. Os reinos aqui mencionados representam 45% das comprovadas reservas energéticas do mundo. [2]

Essas monarquias não tem a menor intenção de se transformar em democracias. Encarceramentos, tortura e assassinatos não são conceitos desconhecidos dessas monarquias absolutistas. Ressalta-se que nem o absolutismo e nem os sistemáticos abusos dos direitos humanos enfraquecem a intenção ocidental de fortificar essas monarquias.

As seis monarquias do Golfo Pérsico foram armadas até aos dentes pelos Estados Unidos no decorrer dos últimos dois anos. Agora essas monarquias juntam-se aos interesses ocidentais não só para tentar enfraquecer o Irã- eixo central no Oriente Médio assim como na Ásia Central, como também para poder agarrar-se ao poder e sobreviver, quando a fúria popular que vimos em diversos países da região voltarem-se contra eles próprios..

A atual situação na Síria continua a ser um dos componentes mais importantes no Oriente Médio e da política internacional

Por isso ressaltam-se alguns aspectos que poderão lançar um pouco mais de luz à questão.

Comparativamente e de maneira como foi feito com as monarquias do Golfo Pérsico a liderança ocidentental , em primeira mão o eixo anglo-americano, está agora a armar os terroristas da Síria.

Ressalta-se nesse contexto que os Estados Unidos de hoje são uma superpotência nuclear, mas que essa potência está ao mesmo tempo total e completamente falida vista do ponto de vista econômico. Essa potencia militar falida nas suas bases tenta atacar por todos os frontes, voltando-se contra o Irã, a Síria, a Russia, a China e até mesmo contra os interesses da União Européia, sua seguidora em armas, obediente e leal. [3]

O papel do dolar vem sendo atacado como nunca dantes. A razão principal da guerra monetária lançada por Washington contra o euro em 2009, foi a de impedir a a China de voltar-se para o euro como sua moeda-reserva.

Washington financia suas guerras de agressão através da compra de suas obrigações (papéis de valor emitidos e garantidos pelo govêrno norte americano) por países como a China ou outros com possibilidades semelhantes. A obrigação que o govêrno, no caso o governo norteamericano, assume de resgatar esses papéis de valor transforma-os em dívidas. Em outras palavras os Estados Unidos fica devendo por ex para a China o dinheiro que essa lhe entregou na compra dos papéis.

Quando a China resolver querer o resgate desses papéis de valor, o governo norteamericano tem que pagar a China em dinheiro-moeda, mas o dinheiro recebido da China quando da compra, os Estados Unidos já não os tem. Eles usaram o dinheiro para fazer alguma das suas guerras.

Portanto o governo americano tem que se voltar para um banco da Reserva Federal (nos Estados Unidos significa isso 12 bancos particulares com sede central no eixo Wall Street) que porá as prensas de dinheiro em ação. Isso é modo de falar porque essas prensas hoje em dia já são peças de museu. Hoje em dia Wall Street estaria ao lado de um computador a pôr força nos zeros. Assim como em simsalabim lá estaria o dinheiro, não caindo das árvores mas dos computadores. Dessa maneira o governo estarria devendo a mesma quantia, mas agora para os próprios bancos particulares dos Estados Unidos.

Qualquer possibilidade de poder pagar as suas dívidas os Estados Unidos já não as tem. As suas dívidas nunca poderão ser pagas. Se a China se resolvesse por puxar o tapete debaixo dos pés de Washington, esse cairia de cambalhotas. A China poderia muito simplesmente fazer isso colocando todos os seus papéis de valor (obrigações do governo norteamericano) no mercado. A pressão financeira nos Estados Unidos seria enorme, pode-se mesmo dizer, insuportável.

Já não ponho referências e notas quanto ao acima dito por não ser estritamente necessário. Tudo isso, e um tanto quanto além disso, está se tornando cada vez mais de conhecimento público. Em última instância é simplesmente o caso dos 1% das elites mundiais contra os 99% do resto da humanidade. Sabemos que os 1% na arena internacional são liderados por Washington, quer dizer, Wall Street.

Frente a tudo isso os Estados Unidos se voltam cada vez mais para a força bruta e aqui voltamos de novo à Síria e a sua situação atual.

Entre agosto de 2011 e janeiro de 2012 verificou-se uma intensificaçao do terrorismo na Síria.

Nos últimos dois meses Síria teve que enfrentar inúmeros ataques terroristas. Os terroristas atacaram os Serviços de Segurança, diversas instalações militares, instituições de reforçamento da lei assim como postos policiais, condutores de petróleo, estradas de ferro. Conduziram também assassinatos de cidadãos inocentes sendo que na cidade de Homs mataram cinco cientistas de renome. Puseram fogo em escolas assim como assassinaram seus professores. Desde março de 2011 novecentas (900) escolas foram incendiadas e 30 professores foram mortos. [1]

Os ataques mais sanguentos ocorreram em Damasco. Dois deles no 23 de dezembro 2011. Carros carregados com explosivos arrebentaram-se em frente dos locais dos Serviços de Segurança. Quarenta e quatro (44) pessoas foram mortas, muitas delas oficiais em serviço. O ataque também injuriou sériamente cerca de cento e cinquenta (150) outras.

Em 6 de janeiro de 2012, numa rua central um outro ataque matou vinte e seis (26) pessoas e feriu mais sessenta (60).

A oposição democrática organizada e normal, como a de dentro de qualquer outro país, reagiu à esses acontecimentos brutais dando o seu apoio ao governo de Bashar Assad. O apoio popular para Bashar Assad também se acentuou. Essa tomada de posição revela-se claramente numa maior demarcação das forças políticas dentro do país. [1]

Hoje em dia destacam-se duas correntes:

1) Uma corrente política composta pela oposição doméstica de onde se desenvolvem os partidos políticos que aspiram a uma tomada de poder por meios democráticos, isso quer dizer de acordo com a constitução e através de eleições.

2) A oposição armada constituida por extremistas radicais e terroristas. Esses elementos estão sendo apoiados pelas forças ocidentais (EUA, Inglaterra, França) + Turquia e Israel. Como acima mencionado, as monarquias absolutistas do Golfo financiam essa oposição implacável e mortal.

O governo de Bashar Assad já quando do começo dos conflitos internos anunciou sua proposta de reformas. Essa propostas abrangia grandes reformas constitucionais e eleições democráticas. A iniciativa política foi aceita pelos velhos e novos partidos políticoos do país. Entretando essa proposta constitucional e democrática foi completamente rejeitada pelos extremistas que continuaram com a ofensiva armada. Os terroristas estão armados com armamentos tipo pesado e essas armas e amunições lhes chegam cada vez mais as mãos.

Em bases militares na Turquia, uma delas perto da fronteira síria, descarregam-se armamentos pesados assim como voluntários vindo da Líbia. Conselheiros e treinadores das forças especiais francesas e inglesas atuam no solo dando “expertis” e conselhos militares. A CIA e Forças Operacionais dos Estados Unidos controlam a coordenação de informação em favor dos elementos armados da Síria, como apresentamos anteriormente. [4]

Enquanto isso dentro da Síria as reformas constitucionais se desenrolam. A proposta Constitucional deverá ser aprovada em março de 2012. As eleições parlamentares deverão ser em maio-junho 2012. Aprovam-se novas leis que definem a jurisdição dos partidos políticos, das eleições, da administração local e regional, assim como da mídia. [1]

Eleições para os governos locais foram realizadas de acordo com as novas leis em dezembro de 2011, mas por causa de três ataques terroristas a participação foi só de 42%. Entretanto os administradores locais puderam ser eleitos e já começaram trabalhar em suas regiões. As novas leis em relação a mídia foram adotadas e agora novos elementos midiais estão sendo construidos ao lado dos existentes vinte (20) canais de televisão, das quinze (15) estações de rádio e dos trinta (30) jornais atuais. Três linhas centrais de oposição política em forma de partidos políticos já se delinearam claramente e o contexto eleitoral estará sendo disputado por uma linha democrática, uma liberal e outra comunista.

Acomodação e compromissos políticos. Por que não? O governo de Bashar Assad quer um compromisso democrático incluindo todas as partes dentro do país e eleições livres e constitucionais se aproximam. Por que exigir mais sangue e simplesmente sangue e nada mais?

Dentro da arena internacional há uma alternativa: - Exigir que o direito dos povos seja respeitado. Até mesmo no Oriente Médio.       


REFERÊNCIAS E NOTAS:

[1] Boris Dolgov em “ON CURRENT SITUATION IN SYRIA” (Síria: A situação atual) publicado em www.strategic-culture.org Strategic-Culture Foundation, Moscou

[2] Rick Rozoff em “O EIXO MILITAR ANGLO-AMERICANO: PARA O CONTROLE DO MUNDO ÁRABE E DO GOLFO PÉRSICO” publicado em www.patrialatina.com.br O artigo em inglês encontra-se também em http://rickrozoff.wordpress.com

[3] William Engdahl em “WHY WASHINGTON WANTS “FINITO” COM VLADIMIR PUTIN?” (Porque Washington quer por ponto final- “Finito” para Vladimir Putin da Rússia?) em www.globalresearch.ca

[4] Anna Malm em “PERSPECTIVAS INTERNACIONAIS: IRÃ E SÍRIA” em www.iranews.com.br. Irã News- Brasil.

(Com a Pátria Latina)

Texto: / Postado em 26/01/2012 ás 17:31

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