Que Estado Palestino defendemos?

Jerusalém (imagem:Fátima de Oliveira)


 Rafiqa Salam                                           
julho 2011


É impressionante assistir a energia empreendida da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para ir a Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro solicitar o reconhecimento a um Estado e se transformar em membro de pleno direito.
Para ser admitido como país-membro – e hoje a ONU tem  192 nações integrantes – a proposta de admissão do ‘Estado Palestino’ necessita de aprovação de 128 países, após a recomendação do Conselho de Segurança, algo improvável.

A discussão é  mais profunda do que sermos reconhecidos como Estado e sermos admitidos pela ONU:
Em primeiro, que ‘Estado da Palestina será apresentado? Qual território será defendido?
Falam em um desenho territorial traçado antes da Guerra dos Seis Dias (1967). Esse desenho não existe mais...... o Estado de Israel alargou seu território saqueando áreas da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, além da Faixa de Gaza e da Península do Sinai (Egito – única área posterior devolvida) e as Colinas de Golã (da Síria). O território de Israel  com suas fronteiras elásticas descumpriram a Resolução 181 da ONU – e esta nada fez para repreender  e recriminar as atitudes ilegais do Estado de Israel.
E sabem por quê? Contrariando um texto muito comum que “Em 1947 a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Plano de Partilha da Palestina, que resultou na criação do Estado de Israel.” Não foi a ONU que criou a Resolução 181 mas o movimento Sionista – que continua a controlar a ONU – que tantos uns querem que reconheçam o estado Palestino, mesmo que o desenho deste estado seja apenas 8% da nossa Palestina histórica.
Peço desculpas aos meus camaradas, não é nada fácil elaborar um texto  com esse conteúdo,  é como nadar contra a maré, afinal todos estão apostando tudo na ONU... mas não posso esquecer daqueles que conheci na Palestina. De vidas que   mais que sangue nas veias, tem resistência e denunciam os traidores. Não posso esquecer daqueles que só acreditam na Palestina Livre.
Não pretendo embates  com aqueles que se perfilam ao lado da ONU, respeito a ação tática adotada nesse momento em que parece que a correlação de força só possibilita isso... mas insisto ser a voz daqueles que defendem a Palestina que conheceram e viveram! 
A Palestina Livre, do mar Mediterrâneo ao Rio Jordão! Nossa capital Jerusalém inteira!  Preciso falar em nome daqueles que defendem uma única Palestina, um estado laico, democrático sobre todo o Solo Pátrio da Palestina, nos seus 27 mil Km2, onde viverão em harmonia ateus, cristãos, muçulmanos, judeus e outras crenças, como era antes de 1947. Um povo livre recebendo nossos amados palestinos refugiados, que hoje são 6 milhões espalhados, proibidos de entrar  na terra onde nasceram, onde seus parentes estão e não podem se reencontrar. 
Uma Palestina livre onde os portões das violentas prisões se abram e nossos 11 mil irmãos sejam libertos porque detidos foram por defender sua terra, suas famílias e sua cultura  dos nazisionistas.
A defesa de dois Estados, ou seja: a continuação do Estado de Israel e a efetivação da Palestina, não se sustenta. Sabemos que Israel não vai retirar os CheckPoints, o Muro da Vergonha e  as milhares de colônias e assentamentos – não falo isso por ser cética, mas porque a história revela esse cenário de forma concreta. 
São 63 anos de invasão da Palestina pelo estado nazisionista e a ONU, a mesma que será visitada pela ANP em setembro, nada fez para defender os direitos dos palestinos, nem mesmo o mais importante: o direito a vida!
Estamos assistindo a reedição de Oslo, mas agora não temos mais a ilusão que tivemos naquele período. Independente do resultado obtido em setembro na ONU já somos derrotados. Somos perdedores. 
Nossa força seria respeitada se exigíssemos a implantação da Resolução 181, de 1947, que designa 44% do território para a permanência do Estado da Palestina e 56% para a criação do Estado de Israel  e Jerusalém teria status de cidade santa internacional. 
Que Estado da Palestina será reconhecido? Qual será sua extensão territorial: 22%, 18% 12% ou 8%, graves concessões que a história cobrará de todos nós...........
 Se é para ir a ONU, façamos os  estados-membros votarem numa Resolução que já existe! E a Palestina poderá iniciar uma nova história com o resgate de 44% de seu Solo Pátrio histórico!
Todo nosso reconhecimento e defesa a Intifada, aos lutadores e lutadoras que acreditam na resistência, todo nosso respeito aos mártires, sangues derramados que não foram em vão, são o adubo da nossa Palestina Livre!

Palestina livre!
Viva a Intifada! Resitência até a vitória!
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
"Um beduíno sozinho não vence a imensidão do deserto, é preciso ir em caravana"

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