Piauí: governador Wilson Martins assina decreto que abre arquivos da ditadura militar

O Governo determinou a abertura de todos os documentos produzidos pelo extinto DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) do estado do Piauí. O decreto do governador Wilson Martins coloca à disposição do interesse público os documentos produzidos pelas unidades de inteligência das polícias Civil e Militar do estado, pelas assessorias de informação dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual.
A partir de agora qualquer pessoa pode ter acesso aos documentos produzidos no Piauí durante o período da ditadura militar, que se estendeu de 1964, com o golpe militar que afastou o então presidente João Goulart, até 1985, com a eleição de Tancredo Neves no Congresso pelo Colégio Eleitoral. Tancredo acabou morrendo antes de assumir o poder, sendo substituído pelo então vice-presidente José Sarney.
Dentro de seis meses todos os documentos que ainda estiverem sob custódia dos órgãos do estado devem ser entregues ao Arquivo Público do Piauí, que passará a integrar a rede nacional de arquivos da ditadura. "O objetivo é o resgate da memória, para defesa de direitos dos cidadãos e para a recuperação de fatos relevantes da nossa história recente", justifica o governador Wilson Martins no decreto de liberação dos arquivos do DOPS.
Os documentos do Piauí serão integrados à Rede Nacional de Cooperação e Informações Arquivísticas - Memórias Reveladas. Os dados de apreensões, prisões, manifestações e todos os movimentos rastreados pelo regime militar entre 1964-1985 devem ser encaminhados à rede. Todos os documentos ficarão acessíveis pela internet e também nos pontos de acesso nos arquivos públicos. Para ter acesso aos documentos as pessoas interessadas devem fazer um cadastro.
Intelectuais e historiadores estão aplaudindo a iniciativa do governador. "Acho a iniciativa do governador louvável na medida em que ela se caracteriza pela transparência pública, pois a época de arquivos secretos já passou", afirma o professor e historiador Fonseca Neto. Ele disse que, com a abertura, há possibilidades de que documentos produzidos pela Polícia ainda não conhecidos possam ser revelados.
Fonseca Neto observa, porém, que no Piauí não houve produção de documentos secretos por parte dos militares. "Na verdade, aqui pouco ou nada se produziu, pois no Piauí se recebiam mais ordens, então a maior parte dos documentos era produzida fora do Estado", acrescenta. Para o professor, a expectativa de revelações sobre o período do regime de exceção no Piauí são poucas. "Não há conhecimento de que no Piauí houve algum ato que possa ser confirmado com a abertura dos documentos, mas mesmo assim se trata de uma ação de grande importância para o país e para o Estado", afirma.
(Imagem:internet/PimentacomLimão/Divulgação)

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