Uma canção revolucionária


Grândola, Vila Morena é a canção composta e cantada por Zeca Afonso que foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para ser a segunda senha de sinalização da Revolução dos Cravos. A canção refere-se à fraternidade entre as pessoas de Grândola, no Alentejo, e teria sido banida pelo regime salazarista como uma música associada ao Comunismo. Às zero horas e vinte minutos do dia 25 de abril de 1974, a canção era transmitida na Rádio Renascença, a emissora católica portuguesa, como sinal para confirmar as operações da revolução. Por esse motivo, a ela ficou associada, bem como ao início da Democracia em Portugal.
A canção foi incluída no álbum Cantigas do Maio, gravado em dezembro de 1971, disco que conta com os arranjos e direcção musical de José Mário Branco. «Grândola, vila morena» é a quinta faixa do álbum, gravado em Herouville, França entre 11 de outubro e 4 de novembro de 1971.
Zeca Afonso estreou a canção em Santiago de Compostela (capital da Galiza) em 10 de Maio de 1972.
No dia 29 de março de 1974, «Grândola, vila morena» foi cantada no encerramento de um espectáculo no Coliseu de Lisboa. Na assistência estavam militares do MFA, que viriam a escolher a canção como uma das senhas para o arranque da Revolução dos Cravos. Curiosamente, para esse espectáculo a censura havia proibido a interpretação de várias canções de Zeca, entre as quais «Venham mais cinco», «Menina dos olhos tristes», «A morte saiu à rua» e «Gastão era perfeito».
À meia-noite e vinte minutos da madrugada do dia 25 de abril de 1974, a «Grândola, vila morena» foi tocada no programa Limite da Rádio Renascença. Era a segunda senha que confirmava o bom andamento das operações e despoletava o avanço das forças organizadas pelo MFA. A primeira senha, tocada cerca de hora e meia antes, às 22 horas e 55 minutos do dia 24 de abril, foi a música «E depois do adeus», cantada por Paulo de Carvalho.
Pouco antes da sua morte, Zeca Afonso e vários amigos seus galegos cantaram ao vivo e gravaram uma nova edição da canção na Homenagem da Galiza a José Afonso.
Ainda na década de 1970, Nara Leão lançou no Brasil, em compacto simples, a canção.
Em 1987 foi regravada pelo grupo de rock brasileiro 365, no seu LP Mix da Música São Paulo, constando na sétima faixa com o nome de «Vila Morena».

LETRA

Zeca Afonso - Grândola, Vila Morena


Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade



Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena



Em cada esquina, um amigo

Em cada rosto, igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade



Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto, igualdade

O povo é quem mais ordena



À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola, a tua vontade



Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

(Com Luta pela Educação/Wipédia/Google/Divulgação)

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