Repúdio à violência na Serra


Companheiras e companheiros,
Aí está a nota de repúdio com as adesões até agora. Vamos publicá-la nos nossos blogs, divulgá-la em todas as listas e imprimí-la para distribuição também no Aglomerado da Serra. Continuamos abertos para receber mais adesões.
Saudações libertárias, abração, Bizoca.

NOTA DE REPÚDIO À REPRESSÃO POLICIAL NO AGLOMERADO DA SERRA

O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania / IHG e as entidades abaixo-assinadas vêm a público manifestar o mais veemente repúdio à repressão policial que se abate sobre o Aglomerado da Serra. Manifestamos também nossa total solidariedade a todos os moradores desta comunidade, em especial aos familiares, amigos e companheiros de Renilson Veriano da Silva e Jefferson Coelho da Silva, vítimas de execução sumária perpetrada pela Polícia Militar de Minas Gerais.
A ocupação do Aglomerado da Serra pela PMMG e o assassinato de Renilson e Jefferson constituem a mais brutal e inaceitável violação dos direitos humanos. Esta revela racismo estrutural, em pleno vigor nas esferas militar, policial, judiciária e carcerária, exatamente aquelas que compõem a mal chamada Segurança Pública. Não existe Segurança Pública no Brasil: ela é, exclusivamente, da propriedade e do Estado - dos ricos e dos governantes.
Fica patente que este terror de Estado se exerce de forma aguda sobre os pobres e os negros. A manifestação mais evidente desta situação é constituída pelo extermínio da população jovem e negra, pela política de encarceramento em massa e pela criminalização das lutas e movimentos populares. Trata-se de genocídio aberto – vamos chamar as coisas pelo próprio nome.
Tudo isto está na base do projeto de cidade imposto pelo prefeito Márcio Lacerda e pelo governador Anastásia, ou seja, a privatização e o aniquilamento do espaço público levados às máximas conseqüências. Fazem parte desse quadro a segregação das favelas e comunidades de periferia e a militarização da sociedade: ruas e praças públicas tornaram-se espaços privados, monitorados, cercados, quadriculados - no caso do Aglomerado da Serra, a PMMG transformou tudo em praça de guerra.
Reiteramos o nosso repúdio a esta situação de barbárie e fazemos nossas as exigências dos moradores do Aglomerado da Serra:
Pela nomeação, responsabilização e punição dos assassinos de Renilson e Jefferson e de todos aqueles que praticaram violência contra os moradores!
Pelo fim da ocupação da comunidade pela PMMG!
Pelo fim da repressão!
Abaixo a criminalização das lutas populares!
Todo o nosso apoio e solidariedade aos familiares de Renilson e Jefferson!
Viva o Aglomerado da Serra!
Assinam esta nota: Associação das Lésbicas Mineiras/ALEM; Associação Filmes de Quintal; Associação Metropolitana de Estudantes Secundaristas/ AMES-BH; Casa de Candomblé Omokorins do Ilê de Oxaguian; CELLOS-MG; Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu; Comunidade Camilo Torres; Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos; Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Comitê Catarinense Pró-Memória dos Mortos e Desaparecidos; Comunidade Irmã Dorothy; Coordenação Nacional de Entidades Negras / CONEN-MG;CSP-CONLUTAS; Entreposto Brasil; Fórum de Mulheres Mercosul;GEP-Levante Favel; Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade-MG; Grupo Tortura Nunca Mais-Pe;Grupo Tortura Nunca Mais-RJ;Grupo Tortura Nunca Mais-SP; Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania / IHG;Intersindical;Movimento de Direitos Humanos – SC; Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas / MLB;Movimento Negro Unificado/MNU-MG; Núcleo PSOL-UFMG; Observatório das Violências Policiais –SP; Partido Comunista Revolucionário/PCR; União da Juventude Rebelião-UJR; Movimento Luta de Classes-MLC; Diretoria de Universidades Públicas da UNE;PSTU-MG; Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência – RJ; Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário FederaL em M.G./ SITRAEMG;Tribunal Popular: o Estado no banco dos réus; UNEafro – Brasil

Belo Horizonte, 21 de fevereiro de 2011

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