Kadafi admite inspeção internacional na Líbia

O líder Muamar el-Kadafi convidou as potências mundiais a criarem uma comissão investigativa e viajarem à Líbia para constatar que os mortos nas revoltas eram efetivos policiais em cumprimento do seu dever. "Chamo a comunidade internacional a formar uma comissão de verificação para que venha e veja que os mortos foram homens em defesa de suas posições", sublinhou Kadafi em seu terceiro discurso televisivo desde o início das revoltas no país norte-africano.
O mandatário falou em um ato comemorativo do 34º aniversário da criação dos "comitês populares", uma estrutura de base dentro do esquema de democracia da revolução popular instaurada na Líbia em 1969, depois da queda do rei Idris I.
A esse respeito, ressaltou que a Líbia estaria disposta a abrir suas portas a uma investigação internacional, tanto da ONU como da Organização da Conferência Islâmica ou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).O dirigente acusou os meios noticiosos e os governos estrangeiros de mentirem deliberadamente sobre a realidade de seu país, e negou que exista uma revolta popular pacífica contra sua pessoa, para de imediato voltar a culpar "os terroristas da al-Qaeda" pela instabilidade.
"Os meios amplificam e desvirtuam a realidade, não há manifestações pacíficas, é uma conspiração para controlar o petróleo, o território líbio, polegada por polegada", denunciou ao apontar que no próprio discurso de Ocidente há contradições.Se houvesse protestos pacíficas, por que os estrangeiros estão se retirando de Líbia, também os empregados de companhias petroleiras, algumas embaixadas estão retirando seu pessoal, por que milhares de trabalhadores estrangeiros se foram, perguntou."É uma prova viva de que os opositores são grupos armados, é um ato terrorista da al-Qaeda", prosseguiu, para afirmar que em Benghazi, Derna ou Bayda, no oriente do país, a rebelião foi iniciada por "células dormidas" que tomaram armas e estações de polícia.
Kadafi explicou que os insubordinados libertaram terroristas e os incluíram em seus destacamentos armados. "Esses são criminosos, não prisioneiros políticos, não há prisioneiros políticos na Líbia", afirmou.Indicou que as forças regulares e seu governo "tiveram que destruir os depósitos de armas para impedir que caíssem nas mãos dos terroristas", mas foi categórico ao negar que tenha disparado contra a população civil.
O líder líbio reiterou que carece de dinheiro e de contas bancárias no estrangeiro, de palácios e de investidura como presidente, pelo qual não pode renunciar, tampouco há um parlamento para ser dissolvido."O sistema líbio é do povo e ninguém pode ir contra a autoridade do povo. O povo é livre para escolher a autoridade que considere forte", apontou e deplorou que "o mundo não entende este modelo de democracia direta plasmado no Livro Verde da revolução em 1977. (Com a Prensa Latina)

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