MORRE LUÍS CORVALÁN


Uma notícia triste acaba de chegar do Chile. Aos 93 anos faleceu Luís Corvalán, ex-secretário-geral do Partido Comunista do Chile.


Viatcheslav Óssipov

Luís Corvalán, sabe-SE, era um verdadeiro profeta. Porque ainda em meados dos anos 80 do século passado tinha predito que sobreviveria a Augusto Pinochet. E assim aconteceu, sobreviveu mesmo. Dedicou a vida inteira à luta contra o capitalismo e pela construção do socialismo e comunismo.
Estou recordando os anos 70. Foi no dia 11 de setembro. Um golpe militar no Chile. É morto o legítimo presidente Salvador Allende, são mortas muitas figuras políticas eminentes, muitas personalidades da cultura. O poder ficou nas mãos de Augusto Pinochet, general que anunciou uma cruzada contra o comunismo e os Comunistas no Chile.

Umas detenções em massa, fuzilamentos, torturas, assassinatos, campos de concentração em estádios: agora, tudo aquilo só é recordado em livros. E então...
“Liberdade para Luís Corvalán!” Essas palavras eram então veementemente repetidas pelos cidadãos soviéticos em comícios e assembleias, nas páginas da imprensa e na tela da televisão. O secretário-geral do Partido Comunista do Chile, Luís Corvalán está na prisão.

Naqueles anos, certamente cada criança soviética conhecia o rosto daquele chileno. Ele era um herói. Luís Corvalán passou com a família seis anos inteiros em Moscou. E durante todo esse prazo esteve sedento de voltar para a terra pátria combater o ditador Pinochet.

Até que finalmente foi em 1983 tomada a decisão de o transferir clandestinamente para o Chile. Foi-lhe feita uma cirurgia plástica. E acabou regressando ilegalmente para casa.

Todavia, já não era o Chile dos seus tempos. Já não estava construindo o socialismo, porém nele vivia novamente, só que agora na clandestinidade, o comunista nacional mais convicto chamado Luís Corvalán.
No dia em que emplacou 90 anos, o jornalista perguntou se ele desejaria modificar alguns momentos do seu passado. Ao que o entrevistado respondeu dizendo que não desejava mudar nada, que sua vida foi dura, na verdade, mas, conforme uma expressão de Carlos Marx, a felicidade estava em lutar. Pois, sua vida toda tinha sido uma luta e ele estava plenamente feliz.

O insucesso da União Soviética e dos países leste-europeus ainda não significava um fracasso total, tanto menos o final do socialismo como tal. Foi somente o malogro de um determinado tipo de socialismo, cuja caraterística predominante era a burocracia e que estava alheado do povo – acentuou Luís Corvalán na entrevista concedida ao jornal russo “Argumenti i Fakti”. Entretanto, estava ele confiante em que a bandeira do socialismo não deixaria de tremular no mundo.
Pois é, essa bandeira ainda continua tremulando em alguns lugares, mas ela já não será conduzida nas mãos pelo inquebrantável comunista chileno Luís Corvalán.

Com a Voz da Rússia)

Comentários