O que semeia; colhe


Adolfo Pérez Esquivel (*)

Ao longo de sua história o povo de Israel preservou sua memória, espiritualidade, cultura e identidade. Apesar da diáspora soube preservar seus valores. Não vou falar porque eu sei que já a conhecem, sua longa viagem que vive nas mentes e corações do povo de Israel, a dor e a resistência em tempos de perseguição e do Holocausto imposto pelos nazistas.
Israel tem o direito de existir, e o mesmo direito tem o povo palestino, vítima de perseguições, torturas, atentados e marginalidade que lhes são impostas por Israel, causando a pobreza, a violência social e estrutural, arrebatando a terra, impondo assentamentos de colônias judaicas pela força e pela construção do "muro da vergonha", que divide o povo palestino.
Israel conta com o apoio dos Estados Unidos; são ambos responsáveis por crimes de lesa humanidade contra o povo palestino.
Repudiamos e denunciamos os danos causados à tripulação em uma missão humanitária da flotilha da liberdade, que consiste no cruzeiro Mavia Marmara e outros cinco navios, transportando 700 ativistas e 10 toneladas de suprimentos. O ataque de Israel causou 19 mortes, feridos e os participantes foram detidos por forças israelenses. É infame que Israel tente justificar suas ações argumentando "autodefesa" contra aqueles que não procuraram qualquer confronto, mas apenas levar solidariedade a um povo oprimido.
Israel se tornou uma nação agressora, violando as convenções internacionais e o respeito aos direitos do Homem e dos Povos. Como bem observado por José Saramago, Israel tornou-se o Golias do Oriente Médio.
Temos de reagir à situação atual que está sendo vivenciada pelo Oriente Médio. Não é através da violência como forma de resolver conflitos. É urgente restabelecer o diálogo e as negociações para aprender a respeitar uns aos outros e encontrar caminhos de paz e compreensão entre indivíduos e povos. A Organização das Nações Unidas tem que remover a poeira e partir para ações concretas e não meras declarações contra a barbárie contra o povo palestino que realiza o governo de Israel.
Sabemos que setores da população de Israel não concordam com as políticas do governo e querem chegar a uma solução justa para os povos e terminar uma violência de décadas, o sofrimento e a morte. É necessário reagir à escalada da violência e encontrar novas formas e alternativas para construir a paz.
(*) Adolfo Pérez Esquivel é Prêmio Nobel da Paz
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Agência Latino-americana de Informação

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