POEMA DO OUTRO


Carlos Lúcio Gontijo



Não faço poema pra mim.
Há muito aprendi que tudo
o que sei e faço ao outro
pertence.
A falsidade e o maldizer existem,
eu sei. Contudo, compete-me
descobrir a verdade.
Não sei ser inimigo, mas sei me
afastar, a me fazer ausente.
O verso é minha conversa (sempre)
e de onde eu for embora só levo o
que me pertence (a minha alma, o meu
espírito, o meu invisível de mim mesmo).
Não é à toa que dos carnavais da vida
só me restam alguns confetes no bolso
de uma velha bermuda, na qual meu corpo
não cabe mais...
Carlos Lúcio
http://www.carlosluciogontijo.jor.br/

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