Jornalistas e a decisão do STF



A decisão do Supremo Tribunal Federal, que eliminou a exigência do diploma para o exercício do jornalismo amplia os poderes dos empresários, que serão os verdadeiros filtros da definição sobre quem será ou não é jornalista, de acordo com os seus interesses. Os empresários da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) comemoraram, como uma vitória da democracia. Mas na prática, para os representantes dos trabalhadores, o acesso ao direito à informação foi colocado em risco, ao contrário da tese defendida pelos ministros na decisão desta quarta-feira, dia 17 de junho. Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Aloísio Morais (foto à esquerda), a decisão representou um retrocesso, que pode ter repercussões graves para a sociedade. No mesmo tom, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo Andrade(foto), criticou a postura dos ministros que compararam jornalistas com cozinheiros e modelos e teriam deixado de lado a complexidade e dificuldades da atuação do profissional da área.
"O presidente do STF desrespeitou os jornalistas brasileiros, ao dizer que esta atividade tem a mesma dimensão da culinária e do corte e costura", disse Murillo. Por que, então, não permitir que um cidadão sem advogado possa se defender perante uma Corte? comparou, em alusão formação profissional exigida dos advogados.
Ao final do julgamento, os jornalistas tiveram a sensação de que a profissão sofreu um golpe duríssimo, com 40 anos jogados no lixo. O presidente da Fenaj disse ainda que vai esperar uma análise do departamento jurídico da entidade para adotar uma orientação aos sindicatos. Segundo Andrade, ainda não há ideia da dimensão do impacto do julgamento. "Vamos analisar a decisão para orientar os sindicatos. Agora, não é uma sentença de morte. Vamos usar a criatividade para garantir que a profissão seja exercida com ética", afirmou.

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