Memorial, um passo importante


O menorial da Anistia que se pretende estabelecer em Belo Horizonte "é um grande passo não apenas para a divulgação dos documentos da repressão, mas também a afirmação social da memória da democracia no Brasil”, afirma o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão. Ele explica que o objetivo não é apenas criar um museu, mas também um centro nacional de pesquisas. “Será um local para dar voz a uma história sufocada que precisa ser plenamente exposta à luz, para que tenhamos uma verdadeira reconciliação nacional”.
Desde a sua criação, em 2002, a Comissão de Anistia recebeu mais de 64 mil requerimentos de anistia política. Destes, 45 mil já foram julgados - 29 mil foram deferidos, sendo a minoria (12 mil) com concessão de reparação econômica. A meta da Comissão é julgar todos os processos restantes até o fim de 2010.
Além dos processos protocolados na Comissão, o acervo do Memorial vai incluir os arquivos que estão sendo coletados, desde maio de 2008, em campanha de doação de documentos. Os interessados em contribuir com fotos, áudio, vídeo, testemunhos ou qualquer outro registro do período da ditadura podem entrar em contato por e-mail (memorial.anistia@mj.gov.br) ou pelo telefone (61) 3429-9402.
Toda a documentação do Memorial também fará parte do projeto Memórias Reveladas, iniciativa do Arquivo Nacional que cria centro de referência sobre a memória da ditadura no Brasil.
Também serão expostos os arquivos doados ao Ministério da Justiça pelos estados e por outros países, como Portugal e Espanha. Neste mês, o ministro Tarso Genro assinou termos de cooperação internacional com instituições dos dois países. O acordo vai permitir a doação de documentos que contenham informações do golpe militar brasileiro – todos os materiais recebidos farão parte do Memorial e serão abertos para consulta.
Só o Centro de Documentação 25 de Abril, em Coimbra, possui mais de três milhões de documentos, muitos dos quais com referências ao Brasil".


As informações acima são oficiais, publicadas no sítio do Ministério da Justiça, que, a bem da verdade, é preciso que se diga, tem feito muito mais em termos de construção de um memorial da luta contra a ditadura no Brasil do que a chamada "sociedade civil" e os partidos de esquerda.


Acrescente-se que, criado por iniciativa do convênio Ministério da Justiça-Universidade Federal de Minas Gerais, o Memorial a surgir na Rua Carangola, em BH, talvez estimule o governo do Estado a criar o Memorial previsto para a sede so antigo DOPS, na avenida Afonso Pena.


Em alguns setores mineiros cogitou-se em enviar apelo à ministra Dilma Roussef,bem antes de ela ser praticamente lançada como candidata oficial à sucessão do Palácio do Planalto. Achava-se que, com o apôio da ministra, a campanha estaria respaldada, evitando-se o que até então se temia: ferir susceptibilidades. Ou falando claramente: irritar o que ainda resta de resistência nos meios militares...


Mas mesmo o apelo à Casa Civil acabou caindo no vazio... O que só valoriza a Secfretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça que leva a campanha em prol da memória da luta contra a didatura militar no peito e na raça, em qualquer temor. E com o respaldo maior, do ministro Tarso Genro.

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